A primeira distribuição Linux que eu usei foi o Pygmy Linux, uma minidistro baseada no Slackware. Ela não tinha ambiente gráfico, nem compiladores, suítes de escritório, gerenciamento de pacotes e também não reconhecia meu modem. É claro que ela não substituía o meu sistema principal na época. E a ideia não era essa. Mas ela fazia o que eu queria que fizesse, que era me ensinar sobre a linha de comando e a estrutura do sistema de arquivos do UNIX. Isso a distro fez muito bem, e eu aprendi um bocado. Já faz dez anos que eu me aventurei nas profundezas do Linux. Para celebrar esses dez anos de Linux, decidi testar uma minidistro baseada no Slackware. O Pygmy já não existe mais, mas há outras distros em atividade. Nesta semana eu instalei o Slax no meu sistema e fiz alguns testes com ele.
Eu nunca havia experimentado o Slax antes, mas ouvi falar bem do projeto. Dá para entender o motivo: logo de cara notei que o site do Slax tem visual muito agradável e que é fácil de navegar. Isso pode não parecer muito importante, mas a primeira impressão é a que fica. Além disso, a equipe do Slax tem algo que a maioria das outras distros não tem: o Slax permite que os visitantes do site façam sua própria versão da distro com poucos cliques do mouse. O download padrão do Slax tem uns 200 MB, um tamanho consideravelmente compacto, levando-se em conta que oferece desktop KDE completo, aplicativos de escritório e ferramentas de desenvolvimento. Mas eu queria algo mais básico para essa minha volta ao passado. Escolhi apenas os pacotes do núcleo da distro, diminuindo o download para 50 MB, um tamanho pequeno até para quem não tem conexão boa.
O Slax iniciou do CD, e apareceu a típica lista de opções de inicialização. Faltou velocidade da minha parte para mudar a opção padrão, e o CD tentou iniciar o ambiente KDE. Como eu não baixei os pacotes do desktop, o sistema travou e eu tive que reiniciar. Na segunda tentativa eu escolhi a opção para iniciar em modo texto. O modo texto é caprichado, com uma mensagem de boas-vindas que ajuda bastante, e inclui informações sobre o login no live-CD e alguns comandos comuns para referência.
Dando uma olhada no sistema, achei que as coisas não haviam mudado tanto nesses dez anos. Nada de desktop gráfico, nada de suíte de escritório, nada de compilador; só eu e a linha de comando. Bateu até uma nostalgia. Minha conexão de rede foi detectada e habilitada automaticamente, o que foi bem legal. Infelizmente, o navegador web Lynx não foi instalado junto com os pacotes do núcleo do Slax. Ele está disponível como complemento. Todos os downloads precisam ser gerenciados pelo wget ou pelo cliente FTP.
Não há nenhum instalador do sistema incluído nos pacotes básicos, mas há um tutorial esperto no fórum do Slax que explica como fazê-lo funcionar direto do disco rígido do sistema. Levou alguns minutos para seguir as instruções, mas no meu caso funcionou perfeitamente. A coisa mais importante que eu aprendi no processo, mais importante do que instalar o Slax no HD, foi que o live-CD também é uma boa ferramenta para recuperação de sistema. A maioria dos sistemas de arquivo comuns têm suporte no Slax, e é fácil montar unidades locais e trabalhar com os arquivos.
Já com o Slax instalado, foi fácil criar um novo usuário e me divertir sem o risco de quebrar nada importante. Consegui gerenciar arquivos com o Midnight Commander, um gerenciador de arquivos baseado em texto, e escrever alguns scripts com o awk só para ver se funcionavam.
O login remoto via SSH vem desabilitado por padrão, mas eu o habilitei e consegui fazer login remotamente no meu Slax a partir de outro computador. O tamanho reduzido do Slax (125 MB) me fez pensar que ele seria ideal para um servidor de arquivos doméstico, especialmente em hardware antigo.
Eu mencionei que o Lynx estava disponível como complemento. Um dos recursos mais interessantes do Slax é a forma como gerencia pacotes. Os pacotes são distribuídos como "módulos". Um módulo pode ser adicionado à imagem ISO inicial que você baixou ou ser baixado e instalado depois. Os módulos são divididos em categorias no site do Slax, e incluem aplicativos gráficos e de internet, aplicativos para o console, drivers, idiomas, pacotes de segurança e multimídia, dentre outros. Instalar um módulo novo é simples, basta baixa o pacote desejado e digitar "activate
Concluo dizendo que o Slax é uma ferramenta excelente. A capacidade de criar um live-CD personalizado é maravilhosa e fácil de usar, e espero sinceramente que outras distros adotem esse recurso, que reduz drasticamente a banda necessária para baixar as imagens ISO do projeto. O Slax é muito bem acabado. Ele é flexível, e tudo funciona como anunciado. A instalação básica obviamente não é para usuários comuns, mas o live-CD seria ideal para quem quer levar consigo um sistema operacional seguro. O sistema básico é um utilitário excelente para quem estiver fazendo curso de administração de sistemas e quiser aprender como o Linux faz as coisas. O Slax tem muito a oferecer aos curiosos, e é um live-CD muito útil para resgate de sistemas. Recomendadíssimo.
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Impressões do Slax 6.1.1 'Core'
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Legal,gostei das palavras ditas por ti.
ResponderExcluirTambém gostei do Slax,apesar de ser simples não achei muita gente falando dele.
Estou testando no pendrive e não tenho o que reclamar.
Abraços!